Poseidon

Originalmente publicado em www.cenadecinema.com.br (28.06.2006)

Crítica do Filme “Poseidon” (Wolfgang Petersen, 99 min., EUA, 2006).

Wather GosthBusters
Água, muita água. Água por todos os lados em todas as direções, inundando, derrubando, afogando, fazendo e acontecendo. É isso que se espera quando há uma preparação psicológica prévia, mesmo que inconsciente, para assistir um filme-catástrofe em alto mar, ainda mais se tratando de um remake do clássico O Destino do Poseidon (The Poseidon Adventure, Ronald Neame, 1972, EUA). No quesito quantidade de água por polegadas na tela, Wolfgang Petersen (Mar em Fúria, 2000, EUA) se saiu muito bem, conseguindo demonstrar a fúria do estado líquido totalmente descontrolado e violento tentando preencher o maior número de espaços possíveis. A velocidade em que a água vai devastando tudo a sua frente e a forma com que os corpos e os pedaços de escombros são levados pelas enchentes nos vários ambientes do navio e o suspense criado a cada sala avançada pelo grupo de sobreviventes convencem e dão uma roupagem nova à um tanto quanto marasmática catástrofe de 1972, sendo inevitável a comparação entre as duas obras.
Wolfgang Petersen acertou na quantidade, mas não na qualidade. As cenas em que a água é real ficaram muito boas e não causam dúvidas. O problema é quando a matéria prima e vilã da fita é gerada por computador. Partindo do princípio que o personagem central da película é a revolta da água soberana a meros mortais desesperados, deveria no mínimo ter recebido um pouco mais de atenção por parte do diretor e dos artistas responsáveis pelos efeitos especiais. Não só a água, mas todo e qualquer líquido virtual no filme dá a impressão de ainda estar em desenvolvimento, pré renderizado. É impossível não relacionar tal (de)efeito à animações amadoras de canais infantis da TV a cabo. Um momento específico que ilustra este descuido para com a produção é quando desaba algo parecido com um motor em cima de um dos sobreviventes e esta peça gigante é seguida de um líquido amarelo-alaranjado, provavelmente representando combustível ou óleo. O líquido indefinido cai de uma forma tão artificial e externa ao filme que não precisaria estar ali. Não faria falta nenhuma. Por alguns milésimos de segundo temos a sensação de estar assistindo ao Gosthbusters (Ivan Reitman, 1984, 105 min., EUA) e que o personagem virtual Geléia está se dissolvendo em queda livre atrás do motor.

O NAVIO
Justiça seja feita. Se por um lado a água virtual foi modesta e mal acabada, por outro o navio recebeu a atenção que estava faltando desde 1972. O tour externo que Peterson nos proporciona logo que o navio aparece na tela, até levar a câmera ao canastrão (e um dos personagens principais) Dylan Johns (Josh Lucas, The Hulk – 2003 – Ang Lee) é um show de técnica, fotografia e computação gráfica. A sala de controle do navio, informatizada e bastante equipada tanto de aparelhagem tecnológica quanto de profissionais convence muito mais do que a do Poseidon comandado pelo estranhamente sério Leslie Nilsen (Corram que a Polícia Vem Aí 33 1/3 - Peter Segal – 1994). As explosões dão um toque de ação inexistente no clássico, transformando o remake em um filme mais atrativo e comercial.

Poseidon é uma refilmagem que, mesmo não chegando nem perto de clássico, prende o espectador, dá sustos, tem suspense na dose certa e boas atuações. Faltou mais respeito e atenção para com a água. É um programa para ajudar a matar o tempo de uma noite fria após um happy hour com os amigos, quem sabe?

Mário Pertile
Posted on 4/10/2008 by Mário Pertile and filed under , | 0 Comments »

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