O Grande Truque

Originalmente publicado em www.cenadecinema.com.br (06.11.2006)

Crítica do Filme “O Grande Truque” (The Prestige, Christopher Nolan).

Ambição sem Limites
Baseando-se na obra literária de Christopher Priest, “The Prestige”, Jonathan Nolan, roteirista e irmão do diretor Christopher Nolan (Amnésia e Batman Begins), levou 18 meses apenas para ver como conseguiria transformar o livro em roteiro. A idéia de Christopher Nolan era utilizar os três atos de um grande truque para construir um filme de suspense intrincado e surpreendente. O primeiro ato é chamado A Promessa: O mágico mostra alguma coisa comum, mas, naturalmente, provavelmente não é. O segundo ato é A Virada: O mágico transforma a coisa comum em algo extraordinário. Está faltando o Grande Truque. É a parte em que ocorre a mudança, em que as vidas ficam por um fio e você vê alguma coisa impressionante pela primeira vez na vida. É baseado nesses preceitos que Christopher Nolan consegue com maestria conduzir um roteiro difícil, mas bem estruturado, de forma que o espectador fique preso às armadilhas da história sem prestar a atenção no que realmente o engana, o trapaceia, como um mágico em um truque. Pensando desta forma, o filme se confunde com um truque e vice-versa, adquirindo a forma pretendida pelo diretor desde o início.
O Grande Truque não fala só de mágica. A magia é uma forma de camuflar o real argumento. A obsessão, a ambição acima da amizade e do amor. A vontade de ser mais e maior falando mais alto. O desejo de vingança. Para esta disputa foram escalados dois atores que recentemente deram um novo enfoque às adaptações de HQs de super heróis para o cinema: Hugh Jackman, o Wolverine na trilogia X-Man, representando o mágico ambicioso Robert Angier e Christian Bale, de Batman Begins, no papel do aparentemente inocente e apaixonado Alfred Borden. De heróis a anti-heróis, os dois atores disputam cada cena, cada segundo na tela, cada um no seu estilo, tanto de atuação quanto de personagens. O quadro de estrelas ainda conta com a colaboração de Michael Caine no papel do engenheiro Cutter, que inicia Borden e Angier no mundo da mágica, Scarlett Johansson como a assistente espiã Olívia e David Bowie, excelente como Nikola Tesla.
Inspirado por uma ficção inserida num contexto temporal real, Christofer Nolan utiliza-se de um tema pouco explorado atualmente no cinema como o glamour da mágica e da ilusão para falar de temas como concorrência, ambição, confiança, justiça e perseverança, mas não é só isso: O Grande Truque fala das reais conseqüências que uma disputa de poderes sem escrúpulos pode causar. O resultado é um suspense com ótimas atuações, surpresas, e uma ficção baseada em um tempo real onde a guerra pela eletricidade estava em sua melhor forma em uma clássica Londres da virada do século.

Mário Pertile
Posted on 4/10/2008 by Mário Pertile and filed under , | 0 Comments »

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