Dois é Bom, Três é Demais

Originalmente publicado em www.cenadecinema.com.br (14.09.2006)

Crítica do filme “Dois é Bom, Três é Demais

Breve Análise
Após o fraco, sem sal, nem açúcar Separados pelo Casamento (The Break-Up, 2006, Peyton Reed), parecia que haviam se esgotado as possibilidades de acharmos graça dos dramas matrimoniais modernos ainda este ano. Eis que surge Dois é Bom, Três é Demais (You, Me and Dupree, dirigido pelos irmãos Russo), uma comédia romântica com um argumento nem tão original, mas com uma boa execução, conseguindo retratar alguns dos inúmeros dramas originados na relação custo/benefício pessoal dentro de uma recém estipulada relação conjugal. Dois é Bom, Três é Demais reúne vários pontos-chave que geram os acordos implícitos dentro de um relacionamento. E o interessante é que o filme molda uma linha de tempo muito próxima da realidade, expondo esses acontecimentos sem exageros, nem melodramas. Apenas os problemas enfrentados pelo casal, de forma convincente e demonstrando uma química muito agradável entre os protagonistas, a queridinha e talentosa Kate Hudson (A Chave Mestra) e o cara fechada Matt Dillon (Crash), que arrisca algumas expressões simpáticas e se sai muito bem.
Falando em exageros, não fossem os exageros convencionais de uma comédia romântica, como o amigo TOTALMENTE vagabundo, um sogro MUITO rançoso e dissimulado, entre outros, necessários para arrancar alguns sorrisos da platéia, Dois é Bom, Três é Demais passaria mais por um filme sobre o cotidiano, um quase drama com uma pitada de humor obscuro sobre problemas corriqueiros de um casal em pleno período de geração de acordos e medição dos níveis de tolerância.

Resumindo...
Dupree perde o emprego após ter faltado para poder estar presente no casamento do melhor amigo, Carl (Matt Dillon). Com remorso, Carl oferece estadia, por alguns dias, até Dupree se estabilizar. O “Alguns Dias” vira lenda e Dupree acaba se assentando na vida do casal de forma espaçosa e desagradável. Esta situação acaba gerando conflitos entre Carl e sua esposa, Molly (Kate Hudson). Além deste problema, Carl ainda tem que enfrentar seu chefe (Michael Douglas, conseguindo irritar mais o espectador do que o próprio Carl em uma ótima atuação irônica, dissimulada e vingativa) que casualmente é pai de sua esposa e que passou a odiá-lo após o casamento.

Então...
Dois é Bom, Três é Demais obtem com sucesso o que tentou o “Separados pelo Casamento”. A sensação de uma comédia romântica dirigida com comprometimento e experiência no que se propõe a contar. O espectador se irrita e ri com o casal. As situações apresentadas são comuns, ocasionando uma intimidade muito agradável com o enredo. É difícil que alguém não tenha passado por pelo menos uma das situações apresentadas (amigo em casa, crise com sogro, ciúme, brigas entre amigos, entre outras). O filme também fala de amor, confiança, amizade e principalmente tolerância. Enfim, uma comédia boa para curtir a intrigante e anormal simpatia de Matt Dillon e a beleza inibida de Kate Hudson em suas peripécias em busca de um final menos pior que o início de seu pacto nupcial. Ponto para os irmãos Russo.
Mário Pertile
Posted on 4/10/2008 by Mário Pertile and filed under , | 0 Comments »

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