O Pequenino
Crítica do filme “O Pequenino”
Maquiagens, Efeitos e Afins.
Os irmãos Wayans estão de volta com suas piadas escrachadas e escatológicas, mas, dessa vez, com um grande auxílio para conseguir sustentar o humor: Inúmeras idéias mirabolantes e horas de trabalho convertidas em efeitos visuais. Em AS BRANQUELAS os Wayans tiveram que apelar para as maquiagens para garantir um atrativo, algo que chamasse atenção. Funcionou, pois todos queriam assistir como dois legítimos afro-americanos de caráter duvidoso se apresentariam disfarçados de duas patricinhas albinas e milionárias. Agora a bola da vez é o efeito visual, que chama atenção e leva o filme nas costas. É chegada à hora de refletir sobre a real intenção dos irmãos Wayans, e por que não dizer do talento como criadores de argumentos, já que depois de Todo Mundo em Pânico 1 e 2, onde eram engraçados por si só e pela divertida levada de paródia, suas obras conseguintes usam e abusam de elementos externos à essência do filme para sustentar argumentos que sem esses artifícios seriam insustentáveis em seu estilo de humor.
Black-Baby-Faced Finster
Houve um tempo em que comédias pastelão ricas em exageros e escatologias eram sinônimo de sessão de gargalhadas. O que vemos atualmente é uma reunião de piadas fracas, incessantemente utilizadas em filmes anteriores. O PEQUENINO não seria diferente sem o auxílio dos ótimos efeitos especiais que conseguiram reduzir Marlon Wayans (o engraçado e feioso maconheiro e descompromissado de Todo Mundo em Pânico), de um metro e oitenta e oito centímetros em um anão de setenta e seis centímetros de altura. As cenas em que Calvin (Marlon Wayans) aparece foram filmadas duas vezes. A primeira era filmada normalmente com figurantes, cenário, e o dublê de corpo. A segunda tomada da mesma cena era feita só com a cabeça de Marlon sobre o fundo azul. Aplicada uma na outra, conclui-se Calvin, um temido e casca grossa bandido anão que acaba de sair da prisão e junto com seu comparsa Percy (Tracy Morgan - O Império do Besteirol Contra-Ataca (Jay and Silent Bob Strike Back)) está atrás de um diamante muito valioso. O que segundo os produtores era para ser uma homenagem ao Baby-Faced Finster, personagem vilão do desenho animado Pernalonga que é anão e acaba passando-se por bebê para conseguir driblar a polícia, acabou virando uma adaptação afro-americana fraca e sem muito argumento de Finster. Dá a impressão de estarmos assistindo uma daquelas adaptações de desenho para filme que passam na Sessão da Tarde.
Os pontos positivos são as caras e bocas de Marlon e as cenas sexistas que acabam se tornando engraçadas pela aflição e cara de pau de Calvin de querer sempre tirar um proveito libidinoso das situações como quando finge estar com fome para ganhar mamá ou quando a suposta mãe adotiva (Kerry Washington) faz cócegas no corpo de Calvin e ele tenta forçar um sexo oral.
Curiosamente as cenas realmente mais engraçadas não contam com a presença do bebezão e sim do seu pai adotivo, interpretado por Shawn Wayans, como na perseguição de carro e o anúncio da promoção da esposa executiva no restaurante.
A película não é de toda descartável, mas passa longe de ser uma opção para alegrar o final de semana.
Mário Pertile

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